quinta-feira, 12 de março de 2015

Nicotiana tabacum

ALOI, R.; AVANCINI, E. S. P; GLIKSBERG, P.; MOREIRA, J.



Neste trabalho falaremos sobre a planta Nicotiana tabacum, Nele estamos trazendo informações sobre sua origem e utilização no passado, bem como sua estrutura física e os prejuízos causados quando absorvida pelo organismo de certos animais. Citaremos suas formas de intoxicação e manifestações clínicas mais comuns, também falaremos um pouco sobre seu tratamento nos casos de intoxicação e seu prognóstico.


2  NICOTIANA TABACUM

A Nicotiana tabacum, à qual sua provável origem é a América do Sul, mais precisamente o Noroeste da Argentina e a região dos Andes (Melhoramento genético de fumo), ganhou esse nome de um médico francês, Jean Nicot (1530-1600), que introduziu a planta com sucesso na França, Nicot estudou a fundo os efeitos da nicotina e a recomendava como uma substância que “curava-tudo”, devido à erva ser usada pelos índios para fins medicinais, e religiosos. Os termos tabacum e tabaco vêm do nome de um tipo de junco vazado que era usado pelos nativos americanos para inalar o fumo. Logo a Nicotiana Tabacum é popularmente conhecida como fumo ou tabaco pertencente à família Solanaceae.
No início do século XVI, espanhóis passaram a ursar a erva para mascar ou, então, aspirar sob a forma de rapé (depois de secar suas folhas). (Extração da Nicotina do tabaco pela Destilação por arraste de vapor d’água.).
Com o inicio da industrialização de cigarros no Rio de Janeiro, em 1903 foi organizado o sistema produtivo brasileiro, com a implantação do Sistema Integrado de Produção de Fumo na região Sul do Brasil. Desde 1993 o Brasil é o maior exportador mundial de fumo, em volume. (Genotoxocidade ocasionada pelas folhas de fumo) Nicotiana tabacum  é uma das culturas não alimentares mais amplamente cultivadas no mundo inteiro e é cultivada em 120 países.
Caracteriza-se por ser uma espécie herbácea anual, que pode atingir até 3 metros de altura, autógama, com raiz pouco profunda, caule cilíndrico e folhas grandes de coloração verde. As folhas são ovadas-lanceoladas, dispostas em torno do caule de forma helicoidal; quando maduras tornam-se amareladas ou marrons. As flores possuem um cálice cilíndrico e esverdeado, o qual também pode ser avermelhado na parte superior. As sementes são globulares e os frutos são de formas distintas. (COMUNIDADES DE COLEOPTERA EM CULTIVOS DE TABACO (Nicotiana tabacum L.) EM SANTA CRUZ DO SUL, RS). Floresce em setembro, janeiro e abril (SCHVARTSMAN, 1979).


2.1 – Partes Tóxicas

As propriedades tóxicas, além da presença da nicotina, depende da maneira com que o fumo é absorvido no organismo: ingestão da planta, inalação da fumaça, ingestão do fumo, etc.
A distribuição da nicotina é variável, e sua concentração depende de fatores, tais como tipo de solo, tipo de cultura, condições climáticas, etc. Geralmente a maior concentração está nas folhas, e no caule, em menores quantidades na raiz e nas flores.
Somente na semente não há nicotina, que aparece logo após a germinação, aumentando o teor a medida da maturação da planta. (SCHVARTSMAN, 1979)
A nicotina é uma amina terciária consistindo em uma piridina e um anel pirrolidina. É um alcaloide líquido natural. É uma base volátil, incolor que se torna marrom na exposição ao ar tendo meia-vida de aproximadamente duas horas (CUNHA, 2007).

2.2 – Fotos






3  MECANISMO DE AÇÃO

A nicotina é rapidamente absorvida através da mucosa bucal, gástrica, conjuntival, vaginal, retal, mas principalmente através do trato gastrointestinal, através da difusão passiva para a circulação enterohepática. Ela tem uma alta taxa de metabolismo de primeira passagem no fígado (70% - 75%), sendo que 70% - 80% deste valor são transformados em um metabolito chamado cotinina. A nicotina pode atravessar as barreiras que protegem o sistema nervoso central, a placenta e pode ser distribuída no leite materno. A excreção se dá principalmente pela urina (pH abaixa) e fezes (SCHEP, 2009).
 A intoxicação pelas folhas pode ocorrer em animais de companhia. No entanto a intoxicação desses animais pelo tabaco ocorre principalmente, quando estes ingerem cigarros, charutos, etc (Livro Toxicologia aplicada a Medicina Veterinária).
As ações periféricas se fazem nas células ganglionares simpáticas e parassimpáticas (agindo como agonistas dos receptores colinérgicos de acetilcolina nAChR), inicialmente estimulando e depois deprimindo. Estes receptores são sódio dependentes, e existem, principalmente, nos sistemas nervosos autônomo e central e nas junções neuromusculares. Na célula nervosa ocorre um influxo de sódio pelo canal na membrana que despolariza e aumenta a propagação do potencial de ação. Sendo assim, o alcaloide é capaz de estimular tanto o sistema nervoso quanto todo o eixo cerebroespinhal, e essa estimulação pode desencadear convulsões violentas, seguida, na maioria das vezes, por fenômenos paralíticos, e por último, uma ação depressora das células nervosas (SCHEP, 2009).
Doses pequenas da Nicotiana tabacum L. tendem a estimular os centros respiratórios, já quando absorvida em altas doses comumentemente promove parada respiratória e como consequência, óbito.
Efeitos cardiovasculares serão determinados conforme a maneira de absorção, sendo a trombose um dos problemas mais comuns devido a agregação plaquetária.
Em cães foram feitos estudos em que altas doses de nicotina foram administradas por via intravenosa, e observou-se indução de agregação plaquetária, sendo o tromboxano A2 o principal mediador sintetizado pelas plaquetas. A Nicotiana tabacum ao se ligar a receptores nicotínicos da acetilcolina (nAChR) presentes em células endoteliais, estimula a síntese de moléculas angiogênicas envolvidas na proliferação endotelial, contribuindo para a aterogênese e disfunções vasculares.
A nicotina também afeta a função cardiovascular através da estimulação via sistema nervoso autônomo simpático, promovendo a liberação de catecolaminas pela medula adrenal. (CUNHA, 2007)
A planta pode provocar também malefícios ao sistema gastrointestinal, aonde são observados, na maioria dos casos, náusea, vômito, diarreia, sialorreia aumento da secreção gástrica. Quando falamos de musculatura intestinal, sabemos que essa intoxicação também é vista de forma bifásica, sendo a primeira de uma hiperestimulação e consequente diarreia, seguida de uma depressão do sistema e contratura. (SPINOSA, 2008).


4  SINAIS CLÍNICOS

A intoxicação pode se dar de forma aguda ou crônica, com intensidades variáveis. A sintomatologia, em casos de intoxicação aguda, começa com efeitos gastrointestinais, é observada pela presença de náuseas, sialorreia, vômitos, dor abdominal e diarreia.
Na sequência desenvolvem-se os sintomas que condizem com a estimulação simpática, como taquicardia, aumento do débito cardíaco, hipertensão, tremores, andar cambaleante,  fraqueza, prostração, convulsões, fibrilações musculares, coma, paralisia, distúrbios respiratórios, vasoconstricção periférica e vasodilatação central.
Podem desenvolver-se rapidamente (cerca de 15 minutos após a ingestão); e a morte se da por parada respiratória, decorrente do bloqueio muscular causado pela nicotina, pode ocorrer após dois minutos após o inicio dos sinais ou demorar dias. (SPINOSA, 2008).

Fonte: artigo Nicotinic plant poisoning

5  DIAGNÓSTICO

            O diagnóstico de intoxicação pela Nicotiana tabacum é feito pelas citações das manifestações clínicas, testes de urina para verificar a presença dos alcaloides e identificação da planta por um botânico, pois não existem testes para ensaio das toxinas liberadas (SCHEP, 2009).


6  TRATAMENTO

O tratamento em casos de intoxicação aguda deve ser emergencial, o animal deve ser internado em uma unidade de terapia intensiva, aonde será feito o suporte e acompanhamento dos distúrbios respiratórios causados pela planta. O suporte deve incluir a manutenção da permeabilidade das vias aéreas, seguido de oxigenioterapia, sendo ela administrada através de aparelhos de respiração assistida ou controlada.
O animal pode ter parada cardíaca, e, caso isso aconteça, deve ser feito imediatamente massagem cardíaca externa, e aplicação intracardíaca de epinefrina e atropina por via intravenosa, visando à prevenção dos efeitos inibitórios da nicotina sobre o sistema cardiovascular.
Em casos de intoxicação por Nicotiana tabacum L, costuma haver queda de pressão arterial, que deve ser tratada soros salinos intravenosos, transfusões de sangue ou plasma e administração de aminas vasopressoras.
             É fundamental que também haja monitoração da temperatura corpórea, evitando que o animal tenha hipotermia.
A medicação de eleição para interceptar os efeitos do sistema nervoso, como convulsões, hiperexcitabilidade e agitação, são os benzodiazepínicos, que tem ação rápida. É importante lembrar que, em casos de ingestão há, no máximo, 2 horas, deve ser feito o esvaziamento e lavagem gástrica, que pode ser feito com água ou solução de permanganato de potássio 1:10.000. Também é indicado a administração oral de carvão ativado.
Quando a via de intoxicação for tópica, indica-se banhar com água e sabão neutro, para que haja remoção de toda e qualquer substância. E assim remover a causa primária da intoxicação, que, neste caso, seria o ''tabaco'' em contato com a pele (SPINOSA, 2008).


7  CONCLUSÃO

Com este trabalho vimos que a maior parte dos casos de intoxicação pela Nicotiana tabacum nos animais domésticos se dão pela ingestão de cigarros e charutos, que contém nesta planta como um de seus princípios ativos. As formas de intoxicação irão depender da via de absorção e as manifestações clínicas podem, com isso, mudar ou se agravar, sendo as mais comuns relacionadas aos tratos digestório e respiratório, além de influenciarem também no sistema nervoso, estimulando e deprimindo na sequência. O tratamento, em casos de intoxicação pela planta se dá pelo suporte e inibição dos sinais clínicos, não existindo fármaco antagônico específico.


LISTA DE FOTOS

FIGURA 2. Disponível em < http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6b/Nicotiana_tabacum_004.JPG>. Acessado em: 08 mar. 2015.



FIGURA 4. Disponível em <  http://herbarivirtual.uib.es/cas-uv/especie/4169.html>. Acessado em: 08 mar. 2015.

FIGURA 5. Disponível em < http://www.preciolandia.com/br/1000-sementes-de-tabaco-nicotiana-tabacu-8hhyu8-a.html>. Acessado em: 08 mar. 2015.


REFERÊNCIAS


SCHEP L. J; SLAUGHTER R. J. and BEASLEY D. M. G. Nicotinic plant poisoning. Dunedin, New Zealand. Received 1 August 2009; accepted 12 August 2009. p 771-780.

SCHVARTSMAN, Samuel. Plantas venenosas e animais peçonhentos. 2. ed São Paulo :  Sarvier, 1992. 176 p. Bibliografia comentada: p. 106-108.

MENGES, R. W. et al. A Tobacco Related Epidemic of Congenital Limb Deformities in Swine. Reccived September 19, 1969

SALDANDA, J. B. et al. Histologic evaluation of the effect of nicotine administration on bone regeneration. A study in dogs. Braz Oral Res 2004; 18(4): p. 345-9

FURTADO, F. M. V et al. INTOXICAÇÕES CAUSADAS PELA INGESTÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS EM RUMINANTES. 2012. p. 47-56. Ciência Animal 22(3)

CUNHA, G. H. et al. Nicotina e tabagismo. Artigo de Revisão, Outubro-Dezembro 2007, v. 1.

SCHVARTSMAN, Samuel. Plantas venenosas. 1. ed. São Paulo : Sarvier, 1979. 288 p. Bibliografia comentada :  p. 143-146.

SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; NETO, J. P. Toxicologia Aplicada à Medicina Veterinária. São Paulo : Manole, 2008. 960 p.


quarta-feira, 11 de março de 2015

Senecio braziliensis

ALMEIDA, D. C. M.; FALCÃO, M. P.; LOIACONO, W. V. B.; SANTOS, K.C;

FIGURA 1                                                       FIGURA 2                                                     FIGURA 3

NOME CIENTÍFICO

Senecio braziliensis


NOME POPULAR 

Tasneirinha, flor das almas, maria-mole, cravo-do-campo, erva-laceta, catião, vassoura-mole, cardo-morto.


ANIMAIS ACOMETIDOS


Bovinos e equinos, em geral


PARTES TÓXICAS DA PLANTA


A planta, por todas as suas partes, produz intoxicação. Embora existisse nela uma essência, que poderia por si só ser a causa da intoxicação (CARVALHO, 1946).


MECANISMO DE AÇÃO DA PLANTA


As plantas do gênero Senecio possuem alcalóides pirrolizidínicos que são hepatotóxicos e produzem uma lesão crônica de forma irreversível, caracterizada por inibição da mitose. Os hepatócitos não se dividem mas continuam sintetizando DNA no núcleo e aumentando seu tamanho (megalócitos). O metabolismo desses hepatócitos lesionados se torna subnormal (RIET-CORREA, 1993).
Posteriormente, essas células vão morrendo, e, em consequência, ocorre a fibroplasia e hiperplasia das células dos ductos e canalículos biliares. Como um evento terminal, os hepatócitos não sintetizam adequadamente a uréia, e a morte do animal é, frequentemente, devida à intoxicação por amônia no sistema nervoso central (RIET-CORREA, 1993).
A toxicidade do Senecio varia de acordo com o conteúdo e o tipo de alcalóides presentes nas plantas, dependendo do local, época e estágio de crescimento. Por outro lado, também verificam-se variações de suscetibilidade individual entre animais da mesma espécie (RIET-CORREA, 1993).


SINAIS CLÍNICOS


Os sinais clínicos descritos em bovinos são variáveis, e podem ser agrupados em dois principais grupos:
A)             Quadro clinico específico da intoxicação por alcaloides pirrolozidínicos: caracterizado por sintomatologia nervosa, agressividade, incoordenação, tenesmo com prolapso retal, diarréía e um curso clinico de 24 a 72 horas, sendo que alguns animais recuperam-se, voltando a apresentar esses sinais posteriormente (RIET-CORREA, 1993).
B)              Quadro clínico caracterizado por emagrecimento progressivo, com diarreia ou não (RIET-CORREA, 1993), ascite, fotossensibilização, icterícia, cirrose hepática, edemas de membros e barbelas.
Nos equinos os sinais clínicos caracterizam-se por apatia, perda de peso, anorexia, icterícia, diarreia, sonolência, bocejos, incoordenação, dismetria, tremores musculares, andar em círculos ou a esmo, batendo em objetos, pressionar a cabeça contra a parede, contrações musculares e gemidos de dor. O curso clínico pode variar de 1 a 6 dias (RIET-CORREA, 1993).


 REFERÊNCIAS



CARVALHO, G. S. T.; MAUGÉ, G. C. Ação tóxica Do “Senecio brasiliensis”, lessing. Departamento de Farmacologia. Vol. 3, fase 3, dez., 1946. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rfmvusp/article/viewFile/62179/65007 - acesso em: 12 mar. 2015.


RIET-CORREA, F.; MÉNDEZ, M. D. C.; SCHILD, A., L. Intoxicações por plantas e micotoxicoses em animais domésticos. Pelotas: Editorial Hemisfério Sul do Brasil, 1993, p. 43-56.


LORENZI, H. Plantas Daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 6º Edição. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda. 2000, p. 180-419.


 FIGURAS



Figura 1

MARTIUS, C.; EICHLER, A.G.; URBAN, I.; Flora Brasiliensis, vol. 6(3): fasicle 93, p. 323, t. 89, fig. I (1884). Disponivel em: <http://www.plantillustrations.org/epithet.php?epithet=pinnatus,-a,-um&lay_out=1&hd=0>- acesso em: 10 mar. 2015.


Figura 2

PAULA R. GIARETTAI, P. R.; PANZIERAI, W.; GALIZAI, G. J. A.; BRUMI, J. S.; BIANCHIII, R. M.; HAMMERSCHMITTII, M. E.; BAZZIII, T.; BARROS, C. S. L. Seneciosis in cattle associated with photosensitization. Pesq. Vet. Bras., vol.34, nº5, maio, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100736X2014000500007>-acesso em: 10 mar. 2015.


Figura 3

Patologia Veterinária na Web. Disponível em: <http://vetpatologia.blogspot.com.br/2012/10/cirrose-hepatica-doenca-hepatica-cronica_6.html> - acesso em: 11 mar. 2015.


Crotalaria sp

 ALMEIDA, D. C. M.; FALCÃO, M. P.; SANTOS, K.C.; LOIACONO, W.V.B.;





FIGURA 1                                FIGURA 2                               FIGURA 3



NOME CIENTÍFICO

Crotalaria sp


NOME POPULAR 

Guizo-de-cascavel, chocalho-de-cobra, xique-xique, feijão-de-guizos, macara de cobra, cascaveleira, crotalária, entre outros.


ESPÉCIES ACOMETIDAS


Há relatos de intoxicação em diversas espécies como bovinos, aves, suínos, equídeos, caprinos e ovinos, segundo Torres (1997, apud UBIALI, 2011).  Dificilmente animas domésticos são intoxicados de forma espontânea, dentre os animais intoxicados a maioria deles são por escassez de alimentos.


PARTES TÓXICAS DA PLANTA


As sementes são consideradas venenosas pois possuem em sua composição alcalóides pirrolizidínicos, que formam uma classe de compostos secundários. Essas substâncias desempenham um importante papel na defesa química, sendo tóxica para os vertebrados e impalatáveis para insetos herbívoros.


MECANISMO DE AÇÃO


Os alcalóides pirrolizidínicos (APs) fazem parte de um grande grupo de moléculas de caráter básico que contém nitrogênio em sua estrutura, normalmente formando um anel heterocíclico, o núcleo dos APs contem 2-5 anéis. A maioria é constituída por ésteres de dois aminoácidos, retronecina e heliotridina, e ocorrem em três grupos: monoésteres, não-cíclicos (abertos) e diésteres cíclicos em ordem crescente de toxicidade. Para serem hepatotóxicos necessitam de ligação dupla 1,2 no núcleo pirrolizidínico e uma ramificação no grupamento éster.
            Alguns destes alcalóides têm também efeito sobre os pulmões, como a monocrotalina, ou sobre o rim.
As pirrolizidinas são encontradas tanto na planta verde como na seca e feno. Nos alimentos armazenados a toxidade dos APs não são reduzidas, a não ser que o alimento passe por um processo de secagem a ar quente, ocorrendo redução considerável do princípio ativo. Após a ingestão dos APs, os mesmos são absorvidos principalmente pelo intestino delgado e dando sequencia, já no fígado os APs precisam ser convertidos em moléculas altamente solúveis para serem rapidamente excretadas. Neste processo ocorre a biotransformação para metabólitos que logo serão excretados e/ou bioativação para metabólitos mais tóxicos que os APs de origem.
Os APs são hepatotóxicos e produzem uma lesão crônica de forma irreversível, caracterizada por inibição da mitose. Os hepatócitos não se dividem, mas continuam sintetizando DNA no núcleo e aumentando seu tamanho (megalócitos). Posteriormente, essas células vão morrendo, e, em conseqüência, ocorre a fibroplasia e hiperplasia das células dos ductos e canalículos biliares. Como um evento terminal, os hepatócitos não sintetizam adequadamente a uréia, e a morte do animal é, frequentemente, devida à intoxicação por amônia no sistema nervoso central. Diferenças entre as espécies animais no tocante a suscetibilidade a intoxicações pelos AP são relatadas na literatura. A resistência de algumas espécies é o resultado do balanço entre as reações de bioativação, desintoxicação e excreção de alcalóides.


SINAIS CLÍNICOS


As principais lesões histológicas encontradas nas intoxicações por Crotalaria sp são necrose hepática centro-lobular, fibrose hepática e megalocitose podendo se apresentar como um processo de insuficiência hepática aguda ou se caracterizar como um processo de hepatopatia crônica.
Apresentam sinais como icterícia, fotossensibilização, ascite, edema dos tecidos do trato gastrointestinal, alterações respiratórias (dispneia), depressão e comportamento anormal.


REFERÊNCIAS


ANDRADE, D. V. A.; ORTALANI, F. A.; MORO,F.V. Aspectos morfológicos de frutos e sementes e caracterização citogenética de Crotalaria lanceolata E. Mey. (Papilionoidea-Fabaceae), 2008. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062008000300003 - acesso em: 09 mar. 2015.


QUEIROZ, G. R.; RIBEIRO, R. C. L.; FLAIBAN, K. K. M. C.; BRACARENSE, A. P. F. R. L.; LISBOA, J. A. N. Intoxicação espontânea por Crotalaria incana em bovinos no norte do estado do Paraná, 2013. Disponivel em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/viewFile/12791/pdf> - acesso em: 09 mar, 2015.


SILVA, B.B.; MENDES, F.B.G.; KAGEYAMA, P.Y. Crotalaria. Disponivel em: http://www.lcb.esalq.usp.br/extension/DESAAFCA/crotalarias.pdf  - acesso em: 09 mar. 2015.


Intoxicações por Plantas, Parte 6: Crotalaria sp e Senecio braziliensis. Disponivel em : <http://www.genetatuape.com.br/site/intoxicacoes-por-plantas-parte-6-crotalaria-sp-e-senecio-braziliensis/#.VP5UYHzF9ps> - acesso em: 09 mar. 2015.


JÚNIOR, J. E. R. H.; SOARES, P. M., MELO, C. L.; FILHO, A. C. C. A.; FILHO, J. G. S; FILHO, J. M. B.;  SOUSA, F. C. F.; MARIA, M.; FONTELES, F; LEAL, L. K. A.; QUEIROZ, M. G. R.; VASCONCÊLOS, S. M. M. Atividade farmacológica da monocrotalina isolada de plantas do gênero Crotalaria. Revista Brasileira de Farmacognosia, 20(3): 453-458, Jun./Jul. 2010. Disponível em : http://www.scielo.br/pdf/rbfar/v20n3/a25v20n3.pdf - acesso em: 10 mar. 2015.


NOBRE, V. M. T.;      RIET-CORREIA, F. ;FILHO, J. M. B.; DANTAS, A. F. M.; TABOSA, I. M.; VASCONCELOS, J. S. Intoxicação por Crotalaria retusa (Fabaceae) em Eqüídeos no semi-árido da Paraíba, 2004. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X2004000300004 -acesso em: 10 mar. 2015


OLIVEIRA, G. L. C. Aspectos Clínicos e Epidemiológicos da Intoxicação por Crotalaria retusa (Fabaceae) em Eqüinos Atendidos no Hospital Veterinário da UFCG. Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, 2008. Disponível em:http://www.cstr.ufcg.edu.br/mono_mv_2008_2/monogr_getulio_luiz_camboim_oliveira.pdf - acesso em: 10 mar. 2015.


UBIALI, D. G.; BOABAID, F. M.; BORGES, N. A.; CALDEIRA, F. H. B.; LODI, L.R.; PESCADOR, C. A.; SOUZA, M. A.; COLODEL, E. M. Intoxicação aguda com sementes de Crotalaria spectabilis (Leg. Papilionoideae) em suínos. Pesq. Vet. Bras. vol.31 no.4, Apr. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-736X2011000400007&script=sci_arttext - acesso em: 10 mar. 2015.



FIGURAS



Figura 1

Pacific Island Ecosystems as Risk (PIER). Crotalaria retusa. Disponível em: <http://www.hear.org/pier/imagepages/singles/crotalaria_retusa_flowers_and_pods.htm>- acesso em: 11 mar. 2015.


Figura 2

Crotalaria spectabilis e nematoide: um manejo a parte. Disponível em: <http://ceresconsultoria.com.br/noticias/detalhe-noticia.php?id=52>– acesso em: 11 mar. 2015.


Figura 3

Crotalária Spectabilis. Disponivel em: <http://www.agropecuariavilaverde.com.br/site/sementes/product_images/ztblmwzboalnntx.jpg> - acesso em: 11 mar. 2015.